Eu comecei a quebrar minhas próprias rimas,
já não me agradam suas sonoridades.
Rimar, para mim, tornou-se um pouco cansativo,
repetitivo
e infantil.
Escrevo, agora, com mais liberdade,
como se estivesse falando a um amigo.
Expresso meus sentimentos,
ideais e vontades
como um bêbado
que tropeça nas palavras
que diz.
Se, por acidente, rimo bem,
volto algumas linhas e desfaço,
releio e sinto a falta de compasso
e me dou por satisfeito.
Eu quero desalinho,
distúrbio,
propósito
e muitos erros.
Satisfeito rima com erros?
De novo:
Eu quero desalinho,
distúrbio,
propósito
e acidentes.
Quero uma poesia adulta,
forte e bonita;
cheia de palavras dissonantes,
pois o que me importa é a verdade do que digo,
é a qualidade do discurso.