Penso nas suas casas violadas,
nas suas crianças machucadas,
nas suas vilas assaltadas.
Penso nos seus filhos aprisionados,
torturados e quase abandonados
pela consciência ocidental, quase,
mas não por todos.
Eu vejo nas ruas de diversos países
jovens levantando bandeiras
e entoando cânticos
em solidariedade.
Muitos são presos,
processados,
perdem seus empregos,
são expulsos de suas faculdades.
Isso mostra que nem todos
perderam o senso moral
aqui no meu lado do mundo.
Eu vejo em sua história
a reconstituição
do que aconteceu nas Américas
no passado,
quando os europeus aqui chegaram
e colonizaram tudo.
O que fizeram aos povos nativos
foi muito parecido
ao que fazem com eles.
Eu sinto todos os dias revolta
pelos oprimidos do mundo;
por aqueles que se chocam
contra forças desiguais,
contra aqueles que usurpam
toda forma de poder
só pelo egoísmo e pela ganância.
Eu sinto também desesperança,
como uma forte vontade de desaparecer,
pois não vejo justiça
em canto algum do planeta Terra.
Eu penso nos povos nativos
com suas dores eternas,
aqueles que realmente
amam os rios,
os bosques e as ervas.
Aqueles que cuidam da natureza
e melhor entendem
a essência da vida.
Carrego o entendimento
de suas dores
todos os dias
no âmago do meu ser.